Vinho, uma questão de equilíbrio.

Matéria publicada em nossa coluna sobre vinhos no portal Papo Sabor em 28/08/23

Ao degustar e avaliar um vinho, vários parâmetros são levados em consideração, incluindo o que é conhecido como “equilíbrio”. Mas afinal, o que isso significa?

O equilíbrio ocorre quando todos os componentes aromáticos, gustativos e outros, estão em harmonia, sem arestas. Nenhum aroma ou gosto se sobrepõe excessivamente, a ponto de encobrir as demais características sensoriais e impedir a plena apreciação de todos esses elementos. Além disso, a ausência de equilíbrio pode resultar em uma experiência menos prazerosa ao consumir a bebida.

Nos vinhos tintos, a interação entre álcool, acidez e taninos constitui a principal característica que estabelece o equilíbrio da bebida. Quantidades insuficientes de um desses elementos, ou a predominância excessiva de outro, podem resultar na falta de percepção adequada ou no acentuamento desproporcional de um deles. Por exemplo, um vinho com teor alcoólico excessivo pode apresentar baixa acidez, e essa predominância pode também produzir um desequilíbrio aromático. Nos vinhos brancos, o equilíbrio gustativo é formado principalmente entre substâncias de gosto doce (açúcares e álcool), e substâncias de gosto ácido.

Sobre o teor de álcool, muito tem sido discutido ultimamente, principalmente entre os profissionais do setor, que preferem vinhos com menor teor alcoólico por várias razões. No entanto, não há problema caso um vinho apresente níveis mais elevados de álcool, como 14 ou 15%. O ponto crucial é que esteja em harmonia com os demais componentes, conforme mencionado anteriormente. O conteúdo alcoólico por si só não determina a qualidade do produto, pois é uma consequência do grau de maturação das uvas. Esse grau é mais elevado em regiões de climas quentes e menor em regiões mais frescas.

Sem dúvida, um vinho com teor alcoólico mais elevado apresentará características distintas em comparação a outro com, por exemplo, 12% de álcool. O primeiro provavelmente se perceberá mais cálido e poderá exibir uma acidez mais moderada, porém isso não significa necessariamente que haja desequilíbrio. Por outro lado, o segundo vinho poderá ter um perfil mais refrescante, com uma acidez mais pronunciada.

Independentemente das preferências pessoais, é essencial ter uma compreensão clara do conceito de equilíbrio ao avaliar um vinho, uma vez que este é um dos parâmetros importantes para determinar a qualidade da bebida.

Para aprofundar seu conhecimento sobre os elementos que definem a qualidade de um vinho, sugiro a leitura do livro “Vinhos: Arte e Ciência da Degustação”.

Mario R. Leonardi.

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