Matéria publicada em nossa coluna sobre vinhos no site Papo Sabor em 01/09/22.
As dicas a seguir são essenciais para quem quer aprender e se tornar um bom degustador. Valem tanto para iniciantes como para iniciados, porque mesmo degustadores com alguma experiência nem sempre levam em conta ou até desconhecem algumas delas.
Estudar
Esta dica pode parecer óbvia, mas é comum ver pessoas que aprendem o passo a passo da degustação e depois pensam que somente provando muitos vinhos vão se transformar em grandes expertos, entretanto isso geralmente não acontece. É claro que é fundamental degustar a maior quantidade possível de vinhos, de diferentes estilos, preços, regiões e demais.
É muito importante compreender o vinho, saber interpretar o que a bebida está revelando por meio de sua cor, seus aromas e sabores. Mediante a degustação é possível deduzir parte da história da bebida, sua origem, o tipo de terroir, as uvas utilizadas, os métodos de elaboração, o amadurecimento e a idade, entre outras características. Para conseguir fazer isso, tanto o conhecimento prático como o teórico são fundamentais, principalmente quando degustações às cegas são realizadas, ou seja, sem que se tenha informações dos vinhos degustados, como produtor, marca, uvas, região, safra, preço, entre outras. Costumo dizer, que muitas das informações importantes de um vinho não estão no rótulo, e sim na taça. Por isso é essencial aprofundar o conhecimento sobre degustação.
Conhecer e evitar influências
Diversas condições fisiológicas, sociológicas, psicológicas e ambientais podem afetar os resultados sensoriais. Portanto, o degustador deve ter conhecimento dessas influências e, assim, tentar evitá-las para que não o induzam ao erro. Além de questões básicas como a temperatura dos vinhos e os formatos e tamanhos das taças, são muitos os fatores que podem intervir nas apreciações. Alguns exemplos são o estado de ânimo, saúde, alimentação prévia à degustação, horários dos testes, quantidade de amostras e ambiente. Sobre o local, é importante que tenha iluminação adequada, seja livre de barulhos e de outras distrações.
Degustar um vinho quando estamos de férias e visitamos uma vinícola, pode ser muito diferente que degustar em casa ou em uma sala de análise sensorial. Se o que se procura são bons resultados sensoriais, as degustações devem ser realizadas de forma criteriosa. É fundamental entender que métodos e contextos diferentes podem implicar resultados diferentes. Ao organizar uma degustação, deve-se ter muito claro qual o objetivo principal e como alcançá-lo.
Concentração
Esta dica tem relação com a anterior, porque para poder estar concentrado no vinho que está sendo degustado, deve-se evitar influências externas.
Degustar grandes quantidades de amostras ou fazer degustações prolongadas podem produzir adaptação ou fadiga sensorial, além de fadiga psicológica, com diminuição da concentração e perda de interesse. A ingestão do vinho, devido ao teor alcóolico, potencializa estes efeitos. É recomendável evitar a ingestão durante o processo, principalmente quando se degustam muitas amostras. Tenha sempre um recipiente para cuspi-lo. Este ato pode parecer estranho para degustadores iniciantes, mas se aprende rapidamente e com a prática se constata as vantagens do método.
Vocabulário
Um bom degustador, além de perceber e identificar as diversas características de um vinho, também deve saber comunicá-las. A tarefa de expressar em palavras o que é percebido sensorialmente nos vinhos pode ser um desafio.
Existem inúmeros termos utilizados para comunicar o vinho, que vão de descritores técnicos a figuras de linguagem, entre outras. É essencial conhecer a maior quantidade possível de termos e compreender bem o seu significado. É relevante que os termos utilizados possam de fato ser compreendidos. Existem expressões que podem fazer sentido para algumas pessoas, enquanto que para outras têm pouco ou nenhuma lógica. Termos demasiadamente técnicos podem ser pertinentes em certas degustações, porém desnecessários e impertinentes em situações informais.
As descrições não precisam ser extensas ou pretensiosas, podendo ser curtas, porém com palavras suficientes que retratem as características essenciais da bebida, e facilite seu entendimento. Saber falar com simplicidade ou discursar de maneira que esteja à altura do público alvo é essencial na comunicação, mas é algo que requer conhecimento e prática.
Livros
Esta dica também tem haver com o estudo, citado anteriormente. Os livros são essenciais e não poderia deixar de indicar a 2º edição do meu livro “Vinhos, Arte e Ciência da degustação” lançado recentemente.
O livro é destinado a todos os que desejam aprender, ampliar ou aprofundar conhecimento. Aborda detalhadamente cada item das diferentes etapas da degustação, e trata sobre as diversas questões que influenciam na apreciação, as diferenças existentes entre degustadores, os tamanhos e formas das taças, a decantação e oxigenação dos vinhos, o que é qualidade e defeito, os vinhos espumantes e outros assuntos relativos à avaliação sensorial.
Nesta segunda edição, revisada e atualizada, foram incluídos três novos capítulos que abordam temas como as características das uvas e seus vinhos, como descrever um vinho, os desafios da comunicação e uma lista de aromas que frequentemente aparecem nos vinhos com explicações sobre sua origem, os compostos aromáticos e demais.
Para concluir quero dizer que há uma grande diferença entre um degustador comum e um bom degustador. Essa diferença é o resultado de estudo, dedicação e experiência. Mas lembre que não é necessário ser um especialista para poder desfrutar dos vinhos!
Espero que tenham gostado das dicas. Até a próxima.
Mario Leonardi
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