Parece que de tudo, sempre tem que ter um melhor, um maior ou um número 1. Atualmente existem concursos para praticamente tudo, e, no caso dos vinhos, não é diferente. Muitas vezes escutamos dizer que tal vinho é o melhor do mundo porque ganhou um concurso internacional, uma medalha ou teve altas pontuações dadas pelos denominados críticos de vinhos ou revistas especializadas. Mas será que realmente existe uma forma de definir qual é o melhor de todos? Será que é tão importante que exista um melhor?
Outra dúvida que surge é se realmente poderíamos escolher o melhor dentre os tantos tipos de vinhos que existem: tintos, brancos, rosés, doces, espumantes, fortificados e outros. Será que podemos dizer que um grande tinto é melhor que um excelente branco, que um bom Champagne ou um grande Porto vintage?
Nos últimos anos tivemos alguns vinhos que se destacaram em competições internacionais, aparecendo na mídia com título de melhor do mundo. Claro que poucos se preocuparam em verificar qual era o tipo de concurso; em qual categoria foi destaque; quais vinhos participaram; como foi a escolha das amostras; quem eram os jurados e como foi realizada a degustação. Essas questões são muito importantes, uma vez que definem o prestígio do evento e da premiação.
Com isto, não pretendo desmerecer nenhuma premiação, porém digo que um vinho que recebeu um título em um concurso não necessariamente é o melhor do mundo, mas sim que foi considerado o melhor da competição. Em concursos assim não participam todos os vinhos e dificilmente estejam os já consagrados como grandes vinhos a nível mundial. Fica difícil pensar como seria um concurso do qual participassem todos os vinhos do mundo, como seriam as degustações e como seria a formação de um júri especialista em todos os estilos de vinho.
Por outro lado, temos as pontuações e as diferentes publicações como revistas e guias, com base nas quais os vinhos recebem pontos ou outro tipo de qualificação. Dentre as mais famosas está a escala de até 100 pontos. Às vezes essas notas são dadas somente por uma pessoa, enquanto em outras as notas são dadas por um júri formado por mais pessoas. Acredito que esta última seja a melhor forma de julgar a qualidade de um vinho.
Nos últimos anos esses pontos têm sido de muita influência comercial, uma vez que um vinho com alta pontuação pode incrementar significativamente suas vendas e, em muitos casos, aumentar também seu preço devido à procura. Isso faz com que muitas empresas utilizem essas pontuações como estratégia de vendas, e às vezes como única estratégia, o que do ponto de vista do marketing pode ser considerada pobre.
Em minha opinião, essas pontuações não contribuem com a cultura do vinho. Não sou fã desse tipo de qualificação, embora o tema devesse ser aprofundado em outra matéria.
Também temos as frases que são utilizadas para definir, de algum modo, qual é o melhor vinho. Geralmente os argumentos são mais poéticos do que técnicos, como por exemplo: “O melhor vinho do mundo é aquele que você mais gosta.” Essa é uma frase que pode render boas discussões, uma vez que o gosto pessoal é muito importante.
No entanto, acredito que o vinho que você mais gosta é simplesmente isso, mas o fato de você gostar de certo vinho não o converte no melhor do mundo. Existem vários parâmetros que devem ser analisados para determinar a qualidade do mesmo.
O objetivo do vinho é que seja bebido e desfrutado. Os demais têm importância relativa, como pontos, medalhas e prêmios.
Por último, cito uma frase que escutei há alguns anos e da qual gostei muito: “Não existe o melhor vinho do mundo. No máximo, existe o melhor vinho do seu mundo.”
Mario R. Leonardi
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