Matéria publicada em nossa coluna sobre vinhos no site Bella da Semana, no mês de Março/2015.
Uma das dúvidas que sempre surge por parte dos consumidores de vinhos é se as garrafas devem ser armazenadas em posição vertical ou horizontal. Muitos ficam preocupados quando vão a uma loja ou supermercado, e veem que as garrafas estão em posição vertical, pois entendem que isso pode prejudicar o vinho, que deveriam estar em posição horizontal. Vamos, a seguir, ver o que acontece em ambas as posições.
Existem diferenças entre guardar vinhos e vender vinhos. Numa loja, em geral, as garrafas não permanecem por muito tempo na prateleira, porque existe um giro de vendas. Já no caso da guarda, esses vinhos podem permanecer por muitos anos numa adega.
Ao longo dos anos tenho escutado muitas coisas a respeito deste tema. Muitos consumidores coincidem em dizer que o vinho tem de estar em contato com a rolha, para que a molhe e não resseque, mantendo sua elasticidade e tampando bem a garrafa. Dito assim, parece bem simples e até conveniente.
A rolha, independentemente da posição da garrafa, sofre um envelhecimento natural, vai perdendo elasticidade e é provável que, em dado momento, não consiga cumprir corretamente com a sua função – a de tampar a garrafa, evitar vazamentos, não transmitir gosto, nem produzir turbidez ou alteração da cor.
Pode acontecer que a rolha tenha algum tipo de contaminação, como é o caso do TCA (tricloroanisol), geralmente produzido pela utilização de produtos clorados na produção das rolhas. No caso da garrafa estar em posição horizontal e o vinho estar em contato com a rolha, o fato pode ocasionar a contaminação da bebida. Comumente são percebidos aromas de mofo, papelão molhado, madeira mofada e outros. Cabe destacar que este tipo de problema não provém somente das rolhas, muitas vezes culpadas injustamente, mas também podem provir das barricas ou de alguns locais da vinícola contaminados. Em contrapartida, alguns compostos do vinho, como o álcool e os taninos, degradam as células da rolha e fazem perder elasticidade. Claro que estas alterações podem demorar bastante tempo.
Segundo as situações descritas, podemos pensar que, se deixarmos a garrafa em posição vertical, evitaríamos esses problemas, uma vez que o vinho não ficaria em contato direto com a rolha.
Em parte, é assim. Porém, surgem outros inconvenientes, como os causados pelas oscilações de temperatura do ambiente em que se encontram as garrafas. Essas oscilações produzem contrações e dilatações que permitem entrada e saída de ar, alterando o líquido em pouco tempo. Isso diminui se o vinho está em contato com a rolha (posição horizontal).
Podemos dizer que não existe uma posição ideal, e sim uma posição melhor: a horizontal. Se os problemas porventura ocorrerem, podem demorar anos, ao contrário da posição vertical, na qual os problemas podem se apresentar em alguns meses.
Mesmo assim, não devemos nos alarmar se encontramos garrafas numa loja em posição vertical. Como já mencionei, existe giro desses vinhos e não há tempo suficiente para serem prejudicados. Em casa, porém, prefira guardá-lo na horizontal.
Vale frisar que não é só uma questão de posição que vai determinar se o vinho está ou não em bom estado. São várias condições, entre elas a temperatura do local, uma das mais importantes, que deve ser constante e fresca.
Mario R. Leonardi
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