Matéria publicada em nossa coluna sobre vinhos no site Bella da Semana, no mês de Maio/2014.
No noroeste da Itália fica situada uma das principais regiões vitivinícolas do país, o Piemonte. Tranquilamente poderíamos dizer que é umas das mais importantes do mundo, já que seus grandes vinhos, como o Barolo, têm conquistado o paladar dos apaixonados e dos apreciadores do planeta.
Quem visita a região, como foi o meu caso recentemente, encontra uma bela paisagem composta de colinas e muitos vinhedos. Tantos, que não deixam dúvidas que se está em uma importante região produtora de vinhos. Também há muito plantio de avelãs e vilarejos com impactantes castelos e igrejas. Atualmente alguns castelos possuem restaurantes, como é o caso do Castello di Grinzane Cavour, onde participei de um jantar com excelentes pratos típicos da região e, obviamente, harmonizados com os vinhos do Piemonte. Uma das coisas que você aprende nesse país é que não existe uma cozinha italiana, e sim, uma cozinha regional italiana.
O Piemonte conta com várias denominações de origem, vinhedos com diferentes características de solo e clima, vários tipos de uvas e, consequentemente, uma ampla gama de vinhos. É uma região tecnicamente complexa, que deve ser explorada e bem estudada, para poder compreender tudo que diz respeito ao vinho. O destaque sempre é para o Barolo, denominado ´vinho dos reis e o rei dos vinhos´, e em segundo o Barbaresco. Mas ali também estão os vinhos do dia a dia, como o da uva Dolcetto (não confundir com doce), Barbera, e outros. Estes vinhos podem ser simples, porém podem atingir complexidade e alta qualidade.
O Barolo e o Barbaresco são vinhos com DOCG (Denominazione di origine controllata e garantita), ambos elaborados com a uva Nebiolo. O nome da casta deriva de niebba ou névoa, muito presente nas regiões cultivadas com esta variedade.
Historicamente o Barolo foi um vinho muito estruturado, tânico e bem seco, que precisava de 20 a 30 anos para amadurecer. Atualmente, novas técnicas de vinificação fazem do Barolo um vinho que pode ser bebido mais jovem. Mesmo assim, é necessário ter paciência e esperar vários anos para desfrutá-lo no seu melhor momento, tempo este fundamental para beber esse vinho fantástico, visto que é um dos grandes a nível mundial. As melhores safras têm potencial de guarda de muitos anos. Quando bebido demasiado jovem, a experiência pode ser pouco prazerosa e, em alguns casos, leva a ser avaliado de forma incorreta.
O Barolo é de uma expressão aromática complexa e muito atraente. Aromas florais como os de rosas e violetas, frutas como a ameixa, notas de alcatrão, alcaçuz e trufas, entre outros. Em boca, mais frutado se comparado com o antigo Barolo. Possui boa intensidade tânica, acidez e estrutura. O tempo de guarda faz com que adquira madurês e elegância. Segundo a DOCG Barolo, o vinho deve ter no mínimo 38 meses de envelhecimento, dos quais 18 em recipientes de madeira. E para o Riserva, um total de 62 meses e no mínimo 18 meses em madeira.
O Barbaresco também é um grande vinho, porém diferente. Pode ser muito agradável ainda jovem, com taninos mais macios e elegância. Alguns vinhos podem envelhecer muito bem e por muitos anos. Em geral, atingem seu melhor momento dos 5 a 10 anos. Estes vinhos saem para o mercado com menos envelhecimento que um Barolo. Segundo a DOCG Barbaresco, o vinho deve ter no mínimo 26 meses de envelhecimento, dos quais 9 em recipientes de madeira. E para o Riserva, um total de 50 meses e tempo mínimo de 9 meses em madeira.
O Piemonte tem de tudo! Belas paisagens, histórias, construções medievais, grandes vinhos e boa gastronomia. Sem dúvida, um lugar que vale a pena visitar, principalmente para quem desfruta comer e beber bem.
Mario R. Leonardi
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