Cava: outro grande espumante

  • 11 de fevereiro de 2014
  • Vinhos

Matéria publicada em nossa coluna sobre vinhos no site Bella da Semana, no mês de Janeiro/2014.

Sem dúvida, quando falamos de vinhos espumantes, a principal referência é Champagne, na França. Todavia, existem outros espumantes que não podemos deixar de destacar, como os da Denominação de Origem Cava, na Espanha, os quais possuem alta qualidade e volume de produção, sendo um dos líderes na comercialização mundial da categoria.

A história do Cava nos remete a meados do século 19, mas a denominação de origem é muito mais recente. Teve início em 1959, onde apareceu pela primeira vez a palavra Cava para denominar este tipo de produto.

A região delimitada para produzir Cava está composta por municípios de diferentes províncias, como Barcelona, Tarragona, Lleida, Girona, La Rioja, Álava, Zaragoza, Navarra, Valencia e Badajoz. O município de Sant Sadurní d´Anoia é o principal. Poderíamos dizer que é a capital do Cava, onde se produzem mais de 90% destes espumantes.

O método de elaboração utilizado é o tradicional, ou seja, aquele em que a segunda fermentação ou tomada de espuma se produz na garrafa, igual ao método usado em Champagne. Entre as uvas permitidas para a elaboração destes espumantes, estão as brancas Macabeo, Parellada e Xarel.lo, que são as três mais típicas da denominação. Também são utilizadas a Chardonnay e a Malvasia. Entre as uvas tintas estão a Trepat, Garnacha, Monastrell e Pinot Noir, muitas vezes utilizadas para elaborar espumantes rosados, os quais têm tido, nos últimos anos, crescimento significativo de consumo.

Vejamos um pouco sobre as características das variedades mais típicas. A Macabeo produz um vinho leve, de acidez bem equilibrada e aromas delicados. A Parellada produz um vinho suave, fresco, de graduação alcoólica moderada, com aromas florais e sutis. A Xarel.lo produz um vinho mais encorpado e de boa acidez. Estas três variedades aparecem juntas em cortes de muitos cavas, produzindo um vinho fresco, suave, elegante e muito agradável, tornando-o um vinho versátil, o qual pode ser desfrutado em diferentes momentos.

Uma das classificações do Cava é pelo tempo de amadurecimento ou envelhecimento na garrafa em contato com as leveduras que realizaram a fermentação alcoólica. Depois que esses microorganismos que produzem mais álcool e gás carbônico morrem, e então se inicia o período de envelhecimento e autólise, onde o espumante adquire mais aromas, complexidade, estrutura e outras características que definem o perfil do produto. São três categorias conforme o envelhecimento:

Jovem: mínimo de 9 meses
Reserva: mínimo de 15 meses
Gran Reserva: mínimo de 30 meses

Outra classificação é segundo o conteúdo de açúcar que o espumante possui, o qual é acrescentado junto ao licor de expedição no final do processo de elaboração. Esse licor pode estar composto do mesmo espumante ou algum tipo de brandy mais uma quantidade de açúcar, o que vai dar origem aos brut, demi-sec e outros. Já escrevi sobre isto em uma matéria anterior sobre Champagne, mas considero interessante colocar novamente as classificações, que são válidas para os vinhos espumantes dos países da União Europeia.

Brut Nature: de 0 a 3 gramas de açúcar por litro
Extra Brut: até 6 gramas de açúcar por litro
Brut: até 12 gramas de açúcar por litro
Extra Seco: entre 12 e 17 gramas de açúcar por litro
Seco: entre 17 e 32 gramas de açúcar por litro
Semi Seco: entre 32 e 50 gramas de açúcar por litro
Dulce: mais de 50 gramas de açúcar por litro

Temos desde os mais secos, como o brut nature – sendo o único que não possui acréscimo de açúcar embora possa ter algo de açúcar residual -, até o dulce, que é o mais doce de todos, com mais de 50 gramas de açúcar por litro.

Em questão de harmonização, os espumantes em geral são muito versáteis, devido à acidez, borbulhas e demais características. O Cava pode ser apreciado em diferentes momentos, e não só como bebida festiva. Pode acompanhar uma refeição completa. Por exemplo, um Cava brut joven, além de ser um excelente aperitivo, pode acompanhar canapés, entradas frias e frutos do mar. Um Cava reserva ou Gran reserva, pela sua estrutura e complexidade, acompanha bem pratos principais, peixes em geral, aves e outros pratos mais elaborados. E, por último, o Semi seco ou Dulce, com maior quantidade de açúcar, harmonizam bem com frutas e até sobremesas mais doces.

Para finalizar, o que sempre recomendo para poder desfrutar melhor dos vinhos é servi-los na taça adequada e com a temperatura correta, neste caso, entre 6 a 8° C. Meia hora num balde com gelo e água ou algumas horas na geladeira é suficiente para atingir a temperatura ideal.

Se você ainda não conhece o Cava, tem uma excelente oportunidade de brindar as comemorações deste novo ano com um maravilhoso espumante.

Mario R. Leonardi

 

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    • fabio
    • 25 de abril de 2014
    Responder

    Boa tarde,gostaria de saber sobre o envelhecimento das cavas.
    aguardo retorno,grande abraço

    • Responder

      Como expliquei na matéria, existem três categorias de cava segundo o envelhecimento: Jovem: mínimo de 9 meses, Reserva: mínimo de 15 meses e Gran Reserva: mínimo de 30 meses. O envelhecimento é produzido em contato com as borras, constituídas principalmente de leveduras mortas que realizaram a fermentação alcoólica na garrafa. Produz-se a Autólise, onde o espumante adquire mais aromas, complexidade, estrutura e outras características que definem o perfil do produto. Quanto mais tempo de envelhecimento, o produto terá maior complexidade aromática e gustativa. Percebem-se com maior intensidade os denominados aromas terciários. Quanto menos envelhecimento, o produto será mais frutado, leve e fresco, algo mais simples.